No início de novembro fui ao cinema assistir Bohemian Rhapsody, filme que conta a história de Freddie Mercury. Acabei por chegar no cinema em cima da hora da sessão, e para minha decepção a sessão estava lotada. Para não perder a viagem decidi assistir ao filme O Doutrinador, sem saber muito do que se tratava o enredo da trama, sendo que apenas tinha visto alguma notícia sobre o filme ser uma adaptação de uma HQ brasileira.
Já nos primeiros momentos me surpreendi, percebendo que se tratava de uma super produção. Fotografia fantástica, uma boa atuação, trilha sonora espetacular (quando começou a tocar Black Hole Sun do Soundgarden e Cobra do Far From Alaska eu fiquei emocionado). A direção do filme do anti-herói ficou por conta de Gustavo Bonafé e Fábio Mendonça.
O filme conta a história de Miguel (Kiko Pissolato), um agente treinado do D.A.E (Divisão Armada Especial), que investiga políticos corruptos. Após passar por um grande trauma, Miguel resolve fazer justiça com as próprias mãos matando cada político corrupto que encontrasse. Miguel é auxiliado por Nina (Tainá Medina), uma hacker que tem problemas com a justiça. A dupla funciona muito bem durante o filme, onde Miguel vai para a ação e Nina é seu suporte a distância, hackeando câmeras de segurança e identificando inimigos.
As cenas de ação do filme são excelentes, dignas de Hollywood. Coreografia realmente impecável, até mesmo nas cenas de parkour. O filme também tem seus pontos fracos. O filme tem seu início bem corrido, onde a trama foi bem apressada e não se aprofundou tanto quanto podia, o que acabou por passar uma superficialidade em um momento onde o público deveria se conectar e sentir o trauma junto com Miguel.
Outro problema do filme é que algumas falas dos personagens são extremamente estereotipadas de filmes americanos. São aquelas frases típicas de filmes policiais americanos, que quando você escuta em uma produção brasileira a única coisa que vem à cabeça é “QUEM DIABOS FALA ASSIM?“. A personagem de Tainá Medina também sofre com esse problema, em alguns momentos do filme Nina ela encarna Neo de Matrix no maior estilo “VOCÊ ACHA QUE EU NÃO CONSIGO FAZER ISSO? EU SOU UMA HACKER CARA!”, enquanto bate as mãos no teclado e invade a NASA.
O Doutrinador é um ótimo filme, que contextualiza muito bem o cenário político brasileiro. Enquanto filme de ação não fica devendo para nenhum gringo, apesar de trazer dos filmes americanos boa parte dos clichês como, por exemplo, os vilões maléficos que se reúnem e contam todo seu plano em um jantar, isso tudo enquanto riem em voz alta. Falta na série trazer e contextualizar a nível nacional alguns desses clichês.
Ao final do filme é anunciado que O Doutrinador voltará em 2019 como uma série transmitida pelo canal Space. Aparentemente a série e o filme foram gravados juntos no início de 2018, então o mínimo que espero é o mesmo nível de qualidade. Realmente fiquei surpreso com o filme e recomendo a todos que assistam tanto o filme, quanto a série quando sair.
Para os mais interessados: a HQ que deu origem ao filme, de autoria de Luciano Cunha, está disponível na Amazon por R$61,26.